Giuseppe,
128 dias e 17 horas se passaram desde a última vez que te vi, desde a
última vez que seus lábios aqueceram os meus. Sinto tanto sua falta, de sua
risada preenchendo toda nossa casa, de suas palavras doces sussurradas, do seu
corpo colado ao meu todas as noites.
Passo a maior parte do dia ouvindo o rádio, esperando a tão sonhada
notícia, e olhando pela janela, esperando o momento em que você voltará,
sorrindo, ileso e cheio de coisas para me contar, sobre o que viu, mas você não
me contará a parte triste, as mortes, só me contará das paisagens dos lugares que
esteve.
A cada dia que passa nosso Pietro fica maior, hoje ele disse "mama",
queria que você estivesse aqui para ver... ou que pudesse estar aqui para ouvir quando ele falar "papai".
A cada dia que passa as coisas estão ficando mais caras, o nosso dinheiro
está acabando, por isso arranjei um emprego, vou ajudar na mercearia do Senhor Andreoli; mamãe cuidará de Pietro enquanto eu estiver trabalhando, será bom para ela ter
o que fazer, a morte de papai a deixou devastada. Ela diz não querer escutar
notícias sobre a guerra maldita que levou seu marido, por isso jogou o rádio
fora e passa o dia todo fazendo um colcha de retalhos no silêncio. A maior parte das mulheres da vila chora pela morte de algum ente querido...
Todo dia rezo para que esta guerra acabe e que você volte para nossa
casa. Nossa música está tocando no rádio e posso vê-lo rodopiando pela nossa
sala enquanto assobia a canção. Nunca se esqueça que eu te amo muito e que
sempre estarei esperando por você, cuore mio, mantenha-se vivo pelo nosso
Pietro e por mim, não sei se conseguiria viver em um mundo onde você não
exista.
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