Minha cabeça parece que vai explodir e antes mesmo de abrir os olhos sinto que tem algo errado, o colchão que durmo é mais duro que o meu, os lençóis tem um cheiro diferente. Estico os braços, é uma cama de solteiro e estou sozinha.
Abro os olhos, estou em quarto totalmente diferente do meu. Esse quarto tem um cheiro que lembra madeira, roupas espalhadas pelo chão, um armário com as portas abertas com mais roupas desarrumadas e um monte de livros organizados de forma aleatória. Enquanto procuro pelas minhas roupas começo a me lembrar do que houve noite passada.
Reencontro dos colegas de faculdade, oito anos após a formatura, conversas cheias de nostalgias, falar sobre empregos e família. Eu era a única mulher da minha turma que ainda não estava casada, e nem tinha ninguém em vista. Logo entre um copo e outro, engatei uma conversa com um cara que desde a época de faculdade eu era meio afim, mas nunca havia rolado nada. Ele continuava o mesmo de sempre, uma pessoa que podia conversar sobre tudo sem me preocupar com o que estava falando. Não que eu estivesse ligando para o que eu falava.
As pessoas começaram a ir embora, até que só nós dois restamos, ele me chamou para ir para outra festa e já como não tinha nada a perder resolvi ir. Ele me apresentou seus novos amigos e reapresentou os velhos também. Quando vi já estávamos conversando perto demais por causa da música alta, sua boca roçou em meu pescoço, sua boca procurou a minha. Eu realmente tinha razão, ele beijava muito bem. Uma proposta e quando dei por mim estava em seu quarto na sua cama, com nossas roupas espalhadas no chão. Foi realmente uma noite e tanto e acabei dormindo em seus braços. Ou pelo menos acho que foi assim
Uma melodia me trás de volta ao quarto com cheiro de madeira. Me enrolo na coberta e sigo para a pequena cozinha, onde havia algumas latas de cerveja jogada e ele sentando em uma cadeira com um violão em mãos e um pequeno caderno surrado em cima da mesa e também havia uma garrafa de café.
- Bom dia.
Letrar-se
quinta-feira, 3 de abril de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
Sobre Acasos
Um sonho ruim me acordou, olho para o relógio 7:00. Levanto num pulo, esqueci de acertar o relógio para despertar. O primeiro horário da faculdade começa as 7:20. Olho meu reflexo no espelho, rosto inchado, cabelos armados, não tinha tempo para consertar, amarro-os rapidamente, enquanto escovo os dentes corro pela casa atrás do meu tênis. Ele estava em baixo do sofá. Pego uma calça jeans e uma camiseta na gaveta. Junto meus cadernos espalhados pelo meu minusculo apartamento e os jogo na bolsa.
Desço correndo as escadas, o elevador está estragado, para variar. Passo na cafeteria ao lado do prédio, para minha sorte não tinha fila, pedi um cappuccino para viagem. Já havia perdido o ônibus, então teria que ir andando, quase correndo na realidade, os 15 quarteirões até a faculdade.
Assim que tomei o primeiro gole do cappuccino queimei a língua, no segundo gole uma criança passa correndo por mim e bate no meu cotovelo, fazendo com que derrube o líquido fervente em minha camiseta branca. Ótimo!. Pensei na camiseta que sempre carregava na bolsa para ocasiões como essa, mas ontem ao limpar a minha bolsa havia tirado, porque essa ocasião nunca havia ocorrido.
7:45 estava subindo as escadas para chegar a sala de aula. O professor olha de cara feia para mim e me entrega uma folha. Quando me sento e olho o papel, hoje era dia de prova e eu não havia me lembrado. Respondo as questões que sei e chuto as outras, tento dar uma espiada nas provas alheias, mas o professor estava de olho.
O intervalo chega. A próxima aula é daquelas chatas em que o tempo demora à passar, o professor entra na sala, faz uma piadinha sobre minha roupa manchada e começa seu monologo interminável.
Pela primeira vez no dia começo a me sentir com sorte, encontro um espaço vazio no ônibus. O começo do meu dia não havia sido bom e para combinar com isso estava de TPM. Pego meu celular e doou uma olhada no facebook, o meu ex namorado está em um relacionamento sério com a menina que eu nunca gostei.
Guardo o celular e começo o meu passamento preferido, observar as pessoas que estão ali. Duas garotas cochichando, um rapaz escutando Lepo,Lepo sem fone de ouvido, uma senhora cochilando com suas sacolas de compra.
Então meu olhar encontra dois olhos castanhos, um olhar extremamente profundo, que parece poder ver o fundo da minha alma, que por um breve segundo viu todos meus segredos e medos. E como se fosse mágica, todo aquele mal-humor e estresse que havia me acompanhado a manhã inteira se foi sem deixar vestígio. Esse olhar durou apenas uma fração de segundos, mas conseguiu me deixar sem ar. O dono dos olhos castanhos, não era um garoto propaganda de cuecas, mas chamava a atenção.
Antes que tive tempo de raciocinar e perguntar o seu nome ou algo do tipo meu ponto chegou e tive que descer.
Sei que é bem provável, que não encontre os olhos castanhos novamente. Mas quem sabe, não é? A vida é feita de acasos, algumas tem algum significado outros não.
Desço correndo as escadas, o elevador está estragado, para variar. Passo na cafeteria ao lado do prédio, para minha sorte não tinha fila, pedi um cappuccino para viagem. Já havia perdido o ônibus, então teria que ir andando, quase correndo na realidade, os 15 quarteirões até a faculdade.
Assim que tomei o primeiro gole do cappuccino queimei a língua, no segundo gole uma criança passa correndo por mim e bate no meu cotovelo, fazendo com que derrube o líquido fervente em minha camiseta branca. Ótimo!. Pensei na camiseta que sempre carregava na bolsa para ocasiões como essa, mas ontem ao limpar a minha bolsa havia tirado, porque essa ocasião nunca havia ocorrido.
7:45 estava subindo as escadas para chegar a sala de aula. O professor olha de cara feia para mim e me entrega uma folha. Quando me sento e olho o papel, hoje era dia de prova e eu não havia me lembrado. Respondo as questões que sei e chuto as outras, tento dar uma espiada nas provas alheias, mas o professor estava de olho.
O intervalo chega. A próxima aula é daquelas chatas em que o tempo demora à passar, o professor entra na sala, faz uma piadinha sobre minha roupa manchada e começa seu monologo interminável.
Pela primeira vez no dia começo a me sentir com sorte, encontro um espaço vazio no ônibus. O começo do meu dia não havia sido bom e para combinar com isso estava de TPM. Pego meu celular e doou uma olhada no facebook, o meu ex namorado está em um relacionamento sério com a menina que eu nunca gostei.
Guardo o celular e começo o meu passamento preferido, observar as pessoas que estão ali. Duas garotas cochichando, um rapaz escutando Lepo,Lepo sem fone de ouvido, uma senhora cochilando com suas sacolas de compra.
Então meu olhar encontra dois olhos castanhos, um olhar extremamente profundo, que parece poder ver o fundo da minha alma, que por um breve segundo viu todos meus segredos e medos. E como se fosse mágica, todo aquele mal-humor e estresse que havia me acompanhado a manhã inteira se foi sem deixar vestígio. Esse olhar durou apenas uma fração de segundos, mas conseguiu me deixar sem ar. O dono dos olhos castanhos, não era um garoto propaganda de cuecas, mas chamava a atenção.
Antes que tive tempo de raciocinar e perguntar o seu nome ou algo do tipo meu ponto chegou e tive que descer.
Sei que é bem provável, que não encontre os olhos castanhos novamente. Mas quem sabe, não é? A vida é feita de acasos, algumas tem algum significado outros não.
segunda-feira, 24 de março de 2014
Pré-Ideias
Alguém uma vez me disse que a melhor parte de toda uma relação é a paquera, aquela troca de olhares a distancia, o sorrisos disfarçados. A gente olha a pessoa de longe e já cria várias pré-ideias, expectativas de como deve ser o beijo, o cheiro, o abraço. Depois vem o primeiro contato, palavras ditas ao pé do ouvido, um beijo "roubado". As pré-ideias se tornam concretas ou caem ao chão.
O coração disparado, boca seca, mãos suando, até parece que está doente, mas na realidade é pura expectativa. Um encontro, dois encontros, vários encontros e várias pré-ideias vão surgindo e outras vão desaparecendo. Mensagens e ligações trocadas durante todo dia e toda madrugada.
Então, o namoro começa, sair com os amigos(as) dele(a), conhecer a família. As primeiras discussões por causa de um(a) ex e o primeiro beijo de pazes. Construir sonhos juntos, viajar juntos. Ver o amor crescer. Começar a conhecer quem realmente é a pessoa que está ao seu lado, achar graça das manias, pensar que pode mudar aquele vício, ver algumas pré-ideias ser tornarem reais e muitas outras serem atiradas na parede.
1 mês, 2 meses, 5 meses, 1 ano de namoro. As brigas e cobranças começam a se tornar mais frequentes, ele(a) não parece mais se importar em parecer bonito(a) para você, a rotina toma conta, as mensagens ligações ficam mais escassas e as conversas que antes fluíam tão facilmente agora são substituídas por longos períodos de silêncio. O amor antes tão grande, começa a encolher.
Uma decisão, 2 palavras e muita coragem. Não é nada fácil dizer adeus, saber que as palavras que saem da sua boca ferem a outra pessoa.Lágrimas escorrem. Vai ser melhor assim, não é você sou eu, nós ainda podemos ser amigos, não ajudam em nada. Porque? Porque tem que ser assim? Você não me ama mais? Não tem mais volta? Um último beijo?
Ligações não atendidas, indiretas jogadas ao vento, fotos apagadas, memórias guardas, lágrimas secam, a vida segue e novos olhares são trocados com pessoas novas.
O coração disparado, boca seca, mãos suando, até parece que está doente, mas na realidade é pura expectativa. Um encontro, dois encontros, vários encontros e várias pré-ideias vão surgindo e outras vão desaparecendo. Mensagens e ligações trocadas durante todo dia e toda madrugada.
Então, o namoro começa, sair com os amigos(as) dele(a), conhecer a família. As primeiras discussões por causa de um(a) ex e o primeiro beijo de pazes. Construir sonhos juntos, viajar juntos. Ver o amor crescer. Começar a conhecer quem realmente é a pessoa que está ao seu lado, achar graça das manias, pensar que pode mudar aquele vício, ver algumas pré-ideias ser tornarem reais e muitas outras serem atiradas na parede.
1 mês, 2 meses, 5 meses, 1 ano de namoro. As brigas e cobranças começam a se tornar mais frequentes, ele(a) não parece mais se importar em parecer bonito(a) para você, a rotina toma conta, as mensagens ligações ficam mais escassas e as conversas que antes fluíam tão facilmente agora são substituídas por longos períodos de silêncio. O amor antes tão grande, começa a encolher.
Uma decisão, 2 palavras e muita coragem. Não é nada fácil dizer adeus, saber que as palavras que saem da sua boca ferem a outra pessoa.Lágrimas escorrem. Vai ser melhor assim, não é você sou eu, nós ainda podemos ser amigos, não ajudam em nada. Porque? Porque tem que ser assim? Você não me ama mais? Não tem mais volta? Um último beijo?
Ligações não atendidas, indiretas jogadas ao vento, fotos apagadas, memórias guardas, lágrimas secam, a vida segue e novos olhares são trocados com pessoas novas.
domingo, 29 de dezembro de 2013
Mantenha-se Afastado
Ed,
Eu não vou pedir para você voltar e não quero que você me peça para voltar também. Passamos por muita coisa juntos, conhecemos um ao outro da forma como ninguém mais nos conhece. Superemos algumas coisas, outras fizemos de conta que superamos, mas sempre que podíamos estávamos remoendo aquilo. Não digo que nosso tempo juntos foi ruim, sabe foi bom, mas não foi maravilhoso.
Você disse coisas que me magoaram muito, algumas por serem verdades que eu sempre evitei outras magoaram porque eu simplesmente me machuco muito fácil. Eu também disse coisas rudes, que talvez não precisasse ter dito, ou talvez devia mesmo ter dito porque quem sabe essas palavras mudem um pouco aqueles seus hábitos horríveis.
Nesse exato momento eu ainda te amo sabe, mas eu sei que se eu me manter afastada de você, se você se mantiver afastado de mim, vou conseguir esquecer, eu já fiz isso outras vezes.
Algumas vezes você vai ler algo que eu escrevi e perceber que mesmo não sendo diretamente direcionado à você, é para você. Mas nem por isso pense que deve conversar comigo, é só que eu preciso escrever para dar um fim às coisas.
Nosso fim não foi culpa de uma pessoa só, ou de algumas pessoas como você costuma dizer, nosso fim foi simplesmente nosso culpa, que deixamos o fogo apagar, que nós acomodamos. Sabe aquele história de que se o amor entra na rotina ele acaba, pois é, nos provamos que é verdade.
Sabe, quando eu estiver completamente recuperada vou te procurar para te dizer porque demos errado, vou te falar o que você fez de errado e te perguntar o que eu fiz de errado. Apesar de eu acreditar que já sei sua resposta.
Gaia
sábado, 28 de dezembro de 2013
Make a Wish!
O ano de 2013 está dando seus últimos suspiros e 2014 está pronto para nascer. Nestes minutos finais corremos para cumprir nossas promessas para o ano de 2013, para esvaziar os armários, tirar aquilo que é excesso em nossas vidas, roupas, sapatos, acessórios, coisas que não usa mais, sentimentos desnecessários, até mesmo aquelas pessoas que não são mais tão importantes.
Aproveitamos também para guardar tudo o que houve de bom, palavras doces, atos marcantes, aquele presente especial, momentos felizes, sentimentos bons e pessoas nos fizeram melhorar como ser humano.
Mas é obvio que depois de fazer essa balanço sobre o ano que passou, encontramos certas coisas nas quais temos que melhorar, encontramos novas promessas para cumprir. Eu fiz a minha listinha e no final do ano, vou contar o que consegui e não consegui fazer.
1. Postar mais nos blogs. (Letrarse, Livrateria)
2. Parar de tomar refrigerante.
3. Ler mais.
4. Arranjar um emprego.
5. Voltar para à academia.
6. Perder alguns quilinhos ;D
7. Me dedicar mais a faculdade.
8. Pensar mais em mim.
9. Ter mais liberdade.
10. Desacomodar-me.
11. Ser mais generosa.
12. Ser mais organizada.
domingo, 10 de novembro de 2013
Irmandade - Capítulo 6
Tomei um banho rápido. Escolhi um
vestido preto tomara que caia que se ajustava perfeitamente a minhas curvas e
calcei um par de all star. Para dar um ar despojado. Prendi meu cabelo em um
coque frouxo. Observei meu reflexo no espelho. Casual e sexy. Olhei no relógio.
19:30. Logo Adrien estaria ali. Fui até a cozinha, peguei uma peça de carne no
freezer, abri alguns talhos na carne, encharquei-a com cerveja e coloquei-a no
forno. Forrei a pequena mesa. Três pratos com talheres e três taças.
- Que cheiro estranho é esse?!
- Carne. - John surgiu na cozinha,
usava uma calça jeans escura e uma camiseta preta. Seu cabelo estava molhado e
uma pequena mexa lhe caia nos olhos. Delicioso. Essa era a melhor definição
para ele.
- Seu amigo é humano?
- Não. Ele é um vampiro.
- Mas vampiros comem? Tipo nas
historias eles só bebem sangue...
- Toda historia tem seu fundo de
verdade, só o fundo. Como já lhe disse vampiros são como humanos, só que mais
rápidos, inteligentes e bonitos. Um novato não precisa de comida porque o
sangue tem tudo que ele precisa, mas com a idade necessitamos de um pouco de
comida... É obvio que podemos ficar sem comer, mas acabamos por sentir falta de
comer, é como respirar, não precisamos, mas mesmo assim fazemos... Se te interessar no seu quarto tem uma estante
com alguns livros, provavelmente tem algum sobre o assunto.
- Certo... Talvez eu dê uma olhada
mais tarde.
A campainha tocou. Olhei no relógio.
19:50. Fui até a sala. Olhei pelo olho mágico. Só vi um sorriso branco e
afiado. Abri a porta.
- Está adiantado.
- Não consegui esperar mais. Ver
você me deixa inquieto. - revirei os olhos. Observei-o. Adrien tinha olhos
castanhos, o brilho prateado estava ali. Sempre estava. Seus lábios carnudos,
sempre estavam abertos em um sorriso caloroso. Suas presas tocavam seu lábio
inferior. Seu cabelo preto ia até o ombro, levemente encaracolados. Sua pele
era bronzeada. Costumava me lembrar um surfista. Era bem mais alto que eu, chutava que ele tinha uns 15 centímetros a mais. Seu corpo era malhado. Um verdadeiro pedaço de mau caminho. Segundo as
outras garotas. Para mim era atraente e quente.
- Aram sei.Vamos entre. - sai de
frente da porta, para que ele pudesse passar. Assim que passou ao meu lado seu
cheiro penetrou meu olfato, era um cheiro silvestre e quente. Era engraçado.
Sempre. Em todas as definições minhas para ele, tinha o adjetivo quente. Abri
um leve sorriso. Fui até a cozinha. Desliguei o forno. Era só para dar uma
esquentada na carne. Não gostava de comida fria. Vir-me-ei. Adrien e John
estavam se encarando.
- John este é Adrien, meu amigo. E Adrien
esse é John, meu novato. - os dois trocaram um aperto de mão tenso. Revirei os
olhos. Tirei uma jarra de sangue de dentro da geladeira e coloquei na mesa, uma
garrafa de vodca e outra de uísque já estavam lá.
- Você teve bastante sorte garoto,
ser um aprendiz dessa morena. - John soltou um riso irônico.
- Ou ele teve bastante azar. -
resmunguei enquanto colocava a carne em cima da mesa.
- Se é para escolher, fico com o
azar. A Valentina é meio... mal-humorada. - abri um sorriso para eles. Tinha
que concordar com o garoto. Eu realmente era mal-humorada. E gostava de ser
assim.
- Então está decidido, ele teve
muito azar. Agora vamos comer? - Adrien assentiu e se sentou. John torceu o
nariz.
- Não precisa comer. - disse
enquanto cortava a carne mal passada. Tive que sorrir ao ver o sangue escorrer.
Quando humana se visse aquela cena vomitaria por semanas e agora já estava
salivando. John se sentou. Observou-nos comer enquanto conversávamos sobre
amenidades e sobre as noticias do jornal.
- Val a comida estava deliciosa. - Adrien
limpou os cantos da boca e observou a travessa vazia.
- Há
quantos dias não come? - resmunguei.
- Não faço à mínima ideia. - ele
sorriu. Pegou os dois pratos e os deixou na pia, antes que eu o mandasse lavar, ele completou - Depois eu prometo que lavo, agora porque não sentamos na sala e
conversamos? - Dei de ombros enquanto enchia uma taça de sangue com vodca.
- Desculpe a indiscrição, mas como
você foi transformado? - a pergunta foi direcionada a Adrien que estava sentado
ao meu lado, John estava sentado em outro sofá, em seu olhar estava à
curiosidade estampada.
- Meu pai era um burguês inglês, tínhamos
muito dinheiro. Nasci em 1880, fui um jovem libertino, bebia, jogava, ia a
bailes e conquistava muitas garotas, até desonrei algumas. Quando completei 18
primaveras, jeito antigo de dizer 18 anos,
meu pai faleceu e eu era filho único. Herdei tudo, mas não tinha vocação
alguma para negócios então vendi a industria e resolvi viajar pelo mundo. Em
uma viajem para a França, em 1901, conheci Jolie, uma formosa francesa. Imagine
minha surpresa quando ela sugou todo meu sangue e me transformou em um vampiro.
Mas como bom boêmio, aproveitei a minha nova vida. Vivemos juntos
por um tempo razoável. Um dia acordei e ela não estava lá, mas sim uma carta,
dizendo que ela havia partido em busca de novos amores. Vendi a nossa pequena
casa e cai na estrada novamente. Mas logo a farra acabou, porque as guerras
mundiais chegaram. Uma historia um tanto tola e sem graça. - John ficou calado,
a curiosidade em seu olhar foi substituída pelo espanto. Particularmente, a
história de Adrien era a cara dele, não poderia ser diferente, ele sempre fora
cheio de si e sempre conseguia aproveitar o melhor de todos os momentos. Um
cara desencanado.
- Você tem 132 anos?! - Adrien e eu
começamos a rir.
- Sim e sou considerado novo, um
adolescente.
- Deus do céu! - era engraçado ver a
descrença no rosto de John, seus olhos arregalados e sua boca levemente aberta.
Adrien passou o braço por meus ombros.
- Mas quem tem uma bonita historia é
a nossa amiga Valentina. - senti meu corpo se enrijecer. Não gostava de falar
sobre o passado, porque ele sempre vinha acompanhado de uma pontada de dor.
- Não é bonita. É uma história
típica de guerra. - minha voz saiu áspera.
- Por favor, Val! Eu gosto tanto da
sua história. - revirei os olhos para Adrien que retribuiu meu olhar com um
sorriso angelical, extremamente falso.
- Eu gostaria de ouvir. - o brilho
de curiosidade havia voltado aos olhos de John. Suspirei e deixei as palavras
fluírem. Abri a porta e deixe as lembranças tomarem um ar.
- Minha mãe era uma italiana casada
com um alemão, viviam na Alemanha e eram judeus. Nasci em 1920, à filha do
meio. Tinha um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Logo veio a II Guerra
Mundial e a caça aos judeus. Um dia meu pai e minha mãe nós mandaram sair de
casa e ir para um casarão abandonado. Saímos pela porta do fundo ao mesmo tempo
em que os soldados entravam em casa e levavam meus pais. Meu irmão sempre
arranjava comida, vivíamos no sótão, um abrigo anti-bombas e antinazistas. Um
dia no ano de 1940 meu irmão foi pego andando pelas ruas, o ouvi conversando
com um soldado que o havia acompanhado até a casa, ele iria para guerra. Tornou-se
minha responsabilidade cuidar de minha irmã, saía na calada da noite e roubava
comida em um mercadinho perto da casa, fiz isso por um mês, até ser mordida por
um vampiro, consegui ver minha irmã uma vez, depois caçadores a torturam e a
mataram porque queriam saber onde eu estava. Em busca da tal vingança os cacei,
eram 3 homens, matei 2 e o outro escapou, foi ai que conheci Adrien. Algum
tempo depois a guerra acabou e meus pais voltaram para casa, encontraram uma
carta minha dizendo que minha irmã fora morta, meu irmão estava na guerra e eu
havia me suicidado, porque me considerava culpada pela morte dela. Eles
sofreram muito, mas meu irmão estava vivo, acabaram aceitando os fatos e se
mudaram para a Rússia, onde morreram em paz e onde até hoje meu irmão vive com
95 anos.
- É comovente como sua história é
cheia de honra e bravura! - peguei minhas lembranças e as guardei novamente.
- É só uma história! Agora chega de
falar sobre o passado, deixa isso para os museus.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Irmandade - Capítulo 5
- Caçadores?! - seus olhos estavam levemente arregalados e confusos. Essa parte definitivamente
era a pior, tinha que dar uma explicação imparcial. Odiava os caçadores,
carregaria meu ódio por eles durante toda a eternidade, mas não podia
demonstrar isso para os novatos. Eu tinha que demonstrar que eles eram
perigosos e ao mesmo tempo não soar como uma louca carregada de ódio. Tarefa
difícil, levando em conta que eu sempre era uma louca cheia de ódio.
-
É, caçadores, aqueles com armas e que caçam presas...
-
Mas eles caçam o quê? - revirei os olhos e fiquei em silêncio. Estava quase chegando
à garagem do prédio e não poderia parar no meio da rua e dizer para John o
quanto sua pergunta fora idiota. Um pesado silêncio se formou. Ele ficou
esperando uma resposta, mas algo me dizia que ele soube a resposta assim que
fez a pergunta. Encaixei meu carro na garagem e olhei para John.
-
O que você acha? Nós. Vampiros.
-
Mas... por quê?
-
Porque somos aberrações da natureza - fiz o sinal de aspas no ar. Ele ficou
esperando que eu continuasse, quando percebeu que só arrancaria aquilo de mim
resmungou e saiu do carro, o segui. Assim que saímos do elevador ele explodiu.
-
Eu estou tentando tomar uma decisão, mas preciso ver os dois lados da moeda
antes de tomá-la! E você não está ajudando nem um pouco! - ele fechou a mão em
punhos, enquanto eu destrancava a porta em silêncio. Ele entrou feito um
furacão e foi para o seu quarto.
-
Esses garotos de hoje em dia têm um temperamento muito difícil para meu gosto.
Preciso de um drinque. - joguei um pouco de vinho seco e sangue em uma taça e
bebi enquanto organizava os novos mantimentos. Sangues A+, A-, B+. Disquei o
número de Adrien, ele atendeu no primeiro toque.
-
Finalmente Val! Esperei seu telefonema o dia inteiro.
-
Eu estava trabalhando. Coisa que você deveria fazer.
-
Mas eu faço, é só que gosto de escolher quem vou treinar.
-
Aram sei... Então, você está na cidade?
-
Uau... será que vai surgir um convite? Eu estou onde você quiser, gata.
-
Eu não sou gata, a propósito essa palavra fica horrível quando vinda da sua
boca...
-
Prefere que eu use palavras de baixo calão? - ele soou levemente rouco, me
fazendo abrir um leve sorriso, estava tentando ser sexy para cima de mim.
-
Isso você guarda para as suas prostitutas.
-
Vou guardar isso e outras coisas para elas... Se você quiser guardo para você
também.
-
Eu dispenso! Prefiro maiores... - ele riu para valer, quando ele conseguiu
recuperar o fôlego continuei a falar - Você vive se convidando para vir aqui em
casa, venha hoje. Farei uma carne mal passada com cerveja e tem sangue A+ para
você beber com uísque.
-
Estou em êxtase por esse convite! Eu e meu amiguinho vamos adorar ir.
-
Pode jogar água fria no seu amiguinho, ele não vai fazer parte da festa.
-
Sobre isso a gente conversa depois...
-
Tchau. Esteja aqui as 8. - desliguei o telefone. Bati levemente na porta do quarto
de John, ele resmungou um "pode entrar". O quarto já estava naquela
bagunça típica de garotos. O tênis jogado em qualquer lugar, as roupas novas
emboladas no armário, que estava com a porta aberta, a cama desarrumada e havia
alguns sacos de sangue vazio jogados pelo quarto.
-
Isso é nojento! - resmunguei enquanto jogava uma meia suja para o lado e me
sentava no mini sofá.
-
Valentina... desculpe... eu fui meio grosso agora pouco... é que tem tanta
coisa acontecendo ao mesmo tempo que estou prestes a explodir... - ele estava
sentado na beirada da cama, seu cabelo negro estava todo bagunçado - Eu não sei
o que fazer!
-
Tudo bem. Se você soubesse o que fazer, seria algo inédito. - soltei um suspiro
- Vou lhe falar sobre os caçadores, de forma simples o resto você descobrirá ao
longo de sua existência. Quando o primeiro vampiro surgiu, surgiu o primeiro
caçador. Dizem que era um padre, ou algum fanático religioso. A maioria dos
caçadores são homens, que perderam algum ente querido para o lado vampiro ou algum
religioso fanático. Não existem nômades
neste grupo. Todos eles se organizam em um grupo chamado Ordem dos Caçadores.
-
O quanto isso é perigoso para humanos que sabem da nossa existência? -pensei no
rosto contorcido pela dor de minha irmã.
-
Antigamente era bem pior, hoje podemos proteger essas pessoas. Mas ainda sim
eles são perigosos, se alguém conhece ou ajuda um vampiro, aos olhos dos
caçadores esse alguém se tornou um vampiro.
-
Desculpe a indiscrição, você já enfrentou algum caçador?
Estava cega pela morte
de minha irmã. A imagem dela agonizando de dor enquanto morria, não me saia da
cabeça. Sai pelas ruas caçando aqueles três homens. Eles iam pagar. Corria com
todas minhas forças. Escondida pela escuridão noturna e a chuva forte. Sabia
como era o sabor deles. O cheiro deles havia ficado impregnado na casa. Não via
nada. Eram só borrões frios. O cheiro dos homens chegou até mim. Parei.
Observei a minha volta. Havia barracos por todos os lados e um bar. Estava em
uma das periferias da cidade. Aproximei-me da janela lentamente. Poucos homens
estavam lá, a maioria eram velhos e alguns homens impossibilitados de guerrear.
Em um canto escuro, havia três homens, um deles olhou em volta, quando seus
olhos passaram pela janela vi o brilho violeta. Eram eles. Resolvi esperar que
eles saíssem e depois armaria uma emboscada. Alguns minutos depois. Ou algumas
horas depois. Não conseguira pensar no tempo, nem no desconforto de ficar em pé
em frente a uma janela tomando chuva. Eles saíram. Rindo alto. Levemente
alcoolizados. Eles se quer me notaram, enquanto os seguia. Eles entraram em uma
viela escura. Fizeram uma curva para direita, quando me virei atrás deles, dei
de cara com um muro extremamente alto. Eles haviam sumido.
- Procurando por nós?!
- me virei os três estavam parados, com armas apontadas para mim. O de olhos
violeta estava no meio. Em silêncio. Os outros dois riam.
-
Vocês mataram minha irmã! - rugi enquanto corria em direção ao que estava na
ponta, o mais baixo e magro. Um tiro atingiu de raspão em meu braço. Joguei a
arma para o chão e torci seu pescoço. Tudo isso só havia dado tempo para que o
do outro lado destravasse a arma. Dei um soco em seu peito, enquanto com a
outra mão jogava sua arma no chão. Senti suas costelas estalarem. Ferozmente
torci seu pescoço e ele caiu no chão. Afastei-me. O cara de olhos violeta ainda
estava parado me observando.
-
Muito inexperientes esses garotos. - e depois sorriu - Você é boa, uma vampira
que iria tocar o terror, pena que você deu de cara com o melhor caçador. - ele
riu, enquanto sua faca caia no garoto ao seu lado. O cheiro doce me infectou. O
sangue brotou. Logo me vi abaixada ao seu lado. Meus dentes doíam - Sua irmã
era uma garota forte. Só gritou quando lhe arranquei as unhas.
A
sede e o veneno que ele havia despertado ecoaram dentro de mim, fiquei em pé e
me virei para ele. Um sorriso debochado formado em seu rosto. Ele agora tinha
uma arma apontada para mim. Ele atirou. O tiro atingiu meu ombro. Ele sangrou.
Uma dor aguda percorreu todo meu braço. Observei o buraco. Esperando ver a
cicatrização. Mas ele continuava a sangrar e latejar.
-
Balas para vampiros. Uma mistura de prata com sal. Ótimo para ferir. - corri em
sua direção, antes que ele atirasse. Preparei meu punho para lhe dar um soco,
mas antes que minha mão estivesse fechada já havia lhe acertado. Ele gritou.
Minha unha havia perfurado seu olho esquerdo. Ele segurou meus cabelos.
-
Sua vadia! Você me cegou. - ele me jogou no chão com toda força que tinha. Algo
afiado foi enterrado em minhas costas. Tentei me mover. Mas meu corpo estava
paralisado. Ouvi os passos apresados do homem. A chuva caia em meu corpo, dando
uma sensação de frieza incomparável. Meu rosto estava enfiado na lama. Ouvi
passos. Tentei me mover. Não consegui. Meu ombro latejava. Alguém parou ao meu
lado. Tinha a pulsação acelerada demais para um humano. Algo deslizou por
minhas costelas. Senti meu corpo relaxar e voltar a se mover. Pulei de pé,
pronta para enfrentar o que estava ali. Mas era só um garoto de sorriso maroto.
-
Oi, eu sou Adrien.
Afastei as lembranças de minha
mente. Foco Valentina!
- Já... várias vezes. Mas depois te
conto sobre isso, agora, como já lhe disse, um amigo meu vai vir aqui e preciso
arrumar algumas coisas.
- Amigo? - sua voz soou surpresa.
- É. Não é porque eu sou vampira que
não posso ter amigos. E porque você não dá uma ajeitada no seu quarto. Isso tá
nojento! - fiquei em pé e sai do quarto.
-Tá parecendo minha mãe! - ouvi ele
resmungar.
-Eu ouvi! E não tenho idade para ser
sua mãe, quem sabe sua bisavó? - ele gargalhou.
Assinar:
Postagens (Atom)