quinta-feira, 27 de março de 2014

Sobre Acasos

    Um sonho ruim me acordou, olho para o relógio 7:00. Levanto num pulo, esqueci de acertar o relógio para despertar. O primeiro horário da faculdade começa as 7:20. Olho meu reflexo no espelho, rosto inchado, cabelos armados, não tinha tempo para consertar, amarro-os rapidamente, enquanto escovo os dentes corro pela casa atrás do meu tênis. Ele estava em baixo do sofá. Pego uma calça jeans e uma camiseta na gaveta. Junto meus cadernos espalhados pelo meu minusculo apartamento e os jogo na bolsa.
    Desço correndo as escadas, o elevador está estragado, para variar. Passo na cafeteria ao lado do prédio, para minha sorte não tinha fila, pedi um cappuccino para viagem. Já havia perdido o ônibus, então teria que ir andando, quase correndo na realidade, os 15 quarteirões até a faculdade.
    Assim que tomei o primeiro gole do cappuccino queimei a língua, no segundo gole uma criança passa correndo por mim e bate no meu cotovelo, fazendo com que derrube o líquido fervente em minha camiseta branca. Ótimo!. Pensei na camiseta que sempre carregava na bolsa para ocasiões como essa, mas ontem ao limpar a minha bolsa havia tirado, porque essa ocasião nunca havia ocorrido.
    7:45 estava subindo as escadas para chegar a sala de aula. O professor olha de cara feia para mim e me entrega uma folha. Quando me sento e olho o papel, hoje era dia de prova e eu não havia me lembrado. Respondo as questões que sei e chuto as outras, tento dar uma espiada nas provas alheias, mas o professor estava de olho.
     O intervalo chega. A próxima aula é daquelas chatas em que o tempo demora à passar, o professor entra na sala, faz uma piadinha sobre minha roupa manchada e começa seu monologo interminável.
     Pela primeira vez no dia começo a me sentir com sorte, encontro um espaço vazio no ônibus. O começo do meu dia não havia sido bom e para combinar com isso estava de TPM. Pego meu celular e doou uma olhada no facebook, o meu ex namorado está em um relacionamento sério com a menina que eu nunca gostei.
     Guardo o celular e começo o meu passamento preferido, observar as pessoas que estão ali. Duas garotas cochichando, um rapaz escutando Lepo,Lepo sem fone de ouvido, uma senhora cochilando com suas sacolas de compra.
    Então meu olhar encontra dois olhos castanhos, um olhar extremamente profundo, que parece poder ver o fundo da minha alma, que por um breve segundo viu todos meus segredos e medos. E como se fosse mágica, todo aquele mal-humor e estresse que havia me acompanhado a manhã inteira se foi sem deixar vestígio. Esse olhar durou apenas uma fração de segundos, mas conseguiu me deixar sem ar. O dono dos olhos castanhos, não era um garoto propaganda de cuecas, mas chamava a atenção.
    Antes que tive tempo de raciocinar e perguntar o seu nome ou algo do tipo meu ponto chegou e tive que descer.
     Sei que é bem provável, que não encontre os olhos castanhos novamente. Mas quem sabe, não é? A vida é feita de acasos, algumas tem algum significado outros não.

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